quinta-feira, 12 de janeiro de 2012






DESABAFO
“Essa geração não é minha!”
 
Não sou poeta nem artista, não possuo qualquer qualidade invejável, não sei escrever aquilo que de minha mente sai, ou seja, não sei me expressar como eu gostaria. Eu me observo no espelho, nada vejo, aquela garota que um dia ia mudar o mundo, essa não existe, existe um espaço vazio apenas. Porque olhariam para mim com desejo de me conhecer? Quem eu represento para toda essa gente que me cerca, quem eu represento? Quem se apaixonaria por mim, quem choraria por mim, quem diria, “ Eu te amo” sem esperar nada em troca? Quem me olharia e diria “que figura bela, tão apaixonante!”, no máximo diriam, “ delícia”. É a mesma coisa que dizer, “vamos nos apaixonar durante uma noite, e quem sabe eu te ligo depois”.
Quem imaginava que eu diria palavras sobre problematizações existenciais, poesia, beleza, doce ilusão. A vida é assim, possui duas faces, a que idealizamos, e a que acontece. Não mentirei, não serei cínica ou difusa, a face que estou tratando é a que acontece. Gosto da face idealizada, mas para vivermos a idealizada é necessário entender a real. Pois pensem bem, porque temos de agir dessa maneira mesquinha  e idiota? Como seria lindo se alguém me dissesse “você é linda, gostaria enormemente de passar uma tarde agradável ao seu lado, e saborear sua companhia”, poxa não é tão idealizador assim, está bom, é pra cacete. No mínimo se alguém me dissesse isto, riria. Infelizmente o romantismo se perdeu e foi direto pelo ralo.  Mas e se ele estiver falando mesmo a verdade? Ele realmente gosta de mim e me quer por perto, quer meus beijos e abraços, e blá, blá, blá... ok, ok, não se iluda my darling, ele só quer ... Bom, você sabe.
Agora, não espere que homens belos, como os antigos gregos, venham e recitem belos poemas, e digam palavras melosas ao pé do seu ouvido, porque se você fala “porra caralho!” é foda. É mais bonito ser rebelde, é mais bonito não ligar para nada, é mais “legal” ser revolucionário, poxa, está na moda, quem não quer ser isso tudo, e ter várias gatas no capô? Feliz foi o que viveu intensamente, agora me digam, o que é viver intensamente? É agir como um babaca, dizer barbaridades ao seu ouvido, e ainda dar um tapinha na sua bunda? Creio que não.
Realmente devemos viver cada parte da nossa vida de uma maneira diferente e completa, mas nunca como um completo idiota. Porque idiotas conseguem muitas coisas nesse mundo, pode ter certeza disso. Mas babacas não possuem visão para ver que o que possuem é vazio de vida. Eu admiro os babacas que admitem ser babacas, porque em toda a sua vida sempre foi assim, não viu outra coisa além da própria babaquice, somada ao do pai, do avô, e assim por diante, sim, uma árvore genealógica de babaquices.
Eu não culpo qualquer ser humano pelas suas babaquices, só espero fortemente que essas babaquices um dia se reduzam a pó. Eu quero a poesia de volta, eu quero o amor de volta, eu quero o respeito de volta, eu quero a paixão de volta, eu quero o bom sexo de volta (não aqueles que nada te acrescentam), eu quero os bons escritores de volta(não best sellers), eu quero uma amizade duradora de volta, eu quero uma geração inteira de volta.
Sinceramente eu não pertenço a essa geração, eu faço parte dela, mas não pertenço a ela, meu coração, alma e espírito não conseguem lidar com isso, sou fraca. Sou fraca por não tentar mudá-la, sou fraca por algumas vezes tentar fazer parte dela, de uma maneira medonha.  Sou fraca por pensar igual, sou fraca por ser babaca também, sou fraca ...
A ideia de uma vida de amores, sexo, musica boa, e boas companhias, é difícil. Achar alguém pra levar uma vida inteira junto, é difícil. Devemos voltar um pouco no nosso passado e ver que o que temos hoje é um grande vazio, que é preenchido por asneiras e desenganos. Rir do amor é feio, rir da amizade é sufoco, rir da nossa própria idiotice é burrice.
A babaquice está tão enraizada que não se vê o buraco que entramos, somos como Platão diz em sua teoria da caverna, estamos alienados de nós mesmos, estamos cegos com tanta informação, e informação desnecessária. Não espere que as coisas aconteçam, é necessário fazer com que as coisas aconteçam, ou estavas pensando que foste concebido através de pensamentos positivos? Meus amores, sejamos irreverentes, sejamos como nossas idealizações em nossas cabeças, não se diminuam diante das informações que expõem a vós, sejais livre por inteiro, sejais como gostaria que fôsseis.
Belo pensamento minha cara, belíssimo, tudo bem, e agora o que devemos fazer? Bom, eu já sei o que eu quero, eu já sei pra onde quero ir, eu vou seguir sozinha, porque somente sozinha eu posso conseguir ser eu, ser o que minha geração não é.

Um comentário:

  1. Otima divagação... mas a diferença que eu vejo muito em ti, não apenas o " porra, caralho" mas vejo algo que encontro em mim: o blank generation que vivemos, grande mal do século enraizado, a raiva contra a babaquices ( por pensar babaquices), a minha pequena poesia barata de botequim ( isso é pessoal), esperar que alguem ache algo interessante em mim e todas as etc possiveis.
    Bom, não sou um Deus grego, muito menos um semi-deus ( eu acho), não recito poemas porque minha memoria é de peixe e os meus poemas velem 50 cents em um fanzine qualquer, não sou muito de palavras melosas a não ser que eu sinta vontade de fala-las e não sou um revolucionario (na verdade até sou comigo mesmo, tentando corrigir alguns defeitos). Bom, de qualquer forma gostaria de te convidar pra passar uma tarde confortavel e util em qualquer epoca e geração, no tempo e espaço qualquer, para divagarmos sobre qualquer coisa. Sabe, sinto falta de pessoas que pensam e veem alem da caverna, bom tu estas suprindo isto!

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