sábado, 28 de abril de 2012

Beijo de chuva




 Estar carente é monstruosamente medonho. Pior que estar carente é não se dar conta de sua própria necessidade de amor, o que lhe faz ainda mais cego por carinho alheio. Nessas benditas horas percebemos como a vida é enormemente malandra, nossos sentimentos triplicam de tamanho fazendo-nos chorar como crianças mimadas. A bebida faz-se necessária, puro anestésico emocional, porém , com tremendas reações indesejadas. Confissões, choros desenfreados (beirando o desespero) e beijos roubados. 
  O simples tocar dos lábios fazem com que sintamos borboletas no estômago. Os corpos se aproximando, a respiração sentida por cada ponto do rosto, as bocas sedentas por contato físico. Finalmente, o momento tão desejado, os lábios completam-se, lindo espetáculo, todo o corpo se eriça, calafrios, sujos desejos.
  Sorriso estampado no rosto só de pensar na possibilidade do beijo. Sozinhos os casais se completam numa sinfonia perfeita. O tempo parece ser apenas um instante, um segundo de complementação amorosa. Beijos, abraços, carinhos trocados, corpos quentes. 
  Estamos sempre desejosos por uma boa companhia, não podemos viver sozinhos, queremos compartilhar desenganos, angústias, amores, alegrias, loucuras. Queremos compartilhar uma história, que pode, e deve ser construída a dois.
  O instante do beijo é incontável, indizível, incomparável, e divinamente espetacular. O beijo é chuva que cai sem aviso, forte no primeiro instante, agradável e prazerosa depois de invadir todo o corpo com sua vitalidade. O calor da pele se mistura com as gostas úmidas e gélidas. 
  Como a chuva, o beijo é molhado, quente, e gostoso de se sentir. Bocas grandes, pequenas , macias ou rijas, bocas. Sabores doces, salgados, ácidos, sabores. Tudo isso junto, me faz querer ser beijada e agarrada debaixo de uma tempestade, eu desejo ardentemente por um beijo de chuva.
  












segunda-feira, 26 de março de 2012

Sorriso de criança

Aquele menino frágil, sentadinho no colo da possível mãe, chamou-me atenção. Tinha os olhos brilhantes, cílios compridos como duas cortininhas fechando e abrindo. Olhinhos cativantes implorando por atenção, castanho escuro, daquele castanho mais que castanho algo se assemelhando ao preto.

Abaixo do nariz via-se uma gosma verde endurecida, a mãe repara na pequena sujeira, e limpa seu pequenino nariz. Agora sim, bem melhor está meu garoto, limpinho. Ele observa-me, ora olha diretamente para mim, ora desvia, por pura curiosidade de criança atrevida. Bem que sou uma figura um tanto intrigante, devo possuir pisca-piscas por todo o corpo, ou é apenas a “loirísse” crônica. Realmente deve de ser bem impactante para um ser tão pequenino.

Criança peculiar, chinelos do tamanho das minhas mãos, todo colorido. Cabelinho liso e castanho, chegando a cor da madeira mais nobre, figura exótica, mas ao mesmo tempo comum. Enfim convenço-o a fixar suas pupilas em minha figura chamativa, digamos que uma conversa por troca de olhares.

Todos sabemos quão difícil é conquistar uma criança, ainda mais sem palavras. Ele faz careta, eu o acompanho, ficamos assim por minutos a fio. Levanto as sobrancelhas, pisco os olhos, mostro a língua, franzo a testa, delicio-me, ele ri. 

O serzinho faz tantas caretas quanto eu, caio na gargalhada, ele sorri deliciosamente. Como me deixa extasiada esse sorrisinho, sinto-me em casa, quase feliz. Lá fora confusão e falatório, mas eu não ligo à mínima, a pessoinha envolveu-me de tal maneira que nada me tira a atenção daquele corpinho.

O ônibus para, a mãe se levanta, segura meu garoto no colo. Ele grita, seu chinelinho caiu, a mãe recolhe a coisa pequenina do chão, ele se acalma. Os dois vão saindo, continuo observando fixamente o menino, nossos olhares se cruzam, presenteia-me com um belo sorriso, respondo com outro ainda mais largo, perco-o de vista. Viro-me desesperadamente para a janela, apenas vejo aqueles olhos intrigantes ao longe, sinto uma angústia, um choro inesperado me domina, lagrimas caem vagarosamente, um choro agradável.

Tudo que ficou na minha mente foi seu sorriso, tão ingênuo, tão contente, sorriso de criança.

segunda-feira, 12 de março de 2012

A dádiva da imaginação


Dentro da minha cabeça, perdida entre pensamentos, já fui a dezenas de lugares, beijei bocas desconhecidas, casei, tive filhos, briguei, apaziguei. Conquistei homens importantes, desfrutei da vida em lugares paradisíacos, fiz tudo que sempre desejei fazer. Já morri inúmeras vezes, discuti por terceiros, embriaguei -me, falhei. Lancei-me em grandes viagens, muitas foram, tantas que se levaria uma eternidade para contá-las. Conheci povos antigos, fui imperatriz, escutei a doce melodia de Beethoven, bebi com Modigliani. Falei línguas, do russo ao finlandês, tive amores incontáveis, avassaladores, como nos romances, conheci Drummond. Envelheci, e vi que a vida é realmente surpreendente. Estudei filosofia, fui historiadora, até teóloga , a Grécia foi meu segundo lar. Perguntei a Platão pra que tanta confusão? Apaixonei -me pela França, morri de amores pela Itália, fui feliz. Como chorei , como amei, como... Emocione -me, desfrutei da riqueza, senti a pobreza por todo o meu corpo, gritei. Fui baronesa, uma princesinha, até magnata, enlouqueci. Vivenciei tantas coisas dentro de mim, pareceu ser tudo suficientemente gostoso, mesmo sem sentir o gosto. Gostei de ser o que não pude ser. Num estalo desperto, "é aqui que eu desço moço, obrigada".

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

A felicidade te assusta?

Eu observo pelas  minhas janelas, vejo rostos perdidos, assustados, e aparentemente acuados. Percebo que não vejo olhos tranquilos, como que, descansados e sadios, só enxergo um leve toque de tristeza. Estranha conclusão. " Ali, vem vindo um homem!" Mas ele traz um sorriso no semblante, curioso. Como nos filmes de amor,onde sempre aparecem personagens inusitados, salvando ou ajudando o personagem principal. É um ser de olhos sãos, cantando docemente pela calçada, uma música não entendida por mim, é claro. Alegre ele está, gosto, e sigo- o através de meus olhos. Todos a sua volta parecem estar envergonhados,envergonhados por esse homem que passa pela rua cantando e sorrindo. A alegria parece ser assustadora e motivo de repreensão.Chato. Mas ele não se deixa abater, continua pela rua com sua doce melodia, cumprimentando a todos que passam. Muitos respondem aos cumprimentos no susto, na surpresa, outros nada respondem e ignoram a doce criança. Porque crianças são assim, alegres e, possuem milhares de motivos para estarem felizes. Aquele homem me lembrava meu irmão, em seus melhores anos. Belo sorriso, belo rosto, é inacreditável como a felicidade transforma tudo, um tanto encantador, não é mesmo? Surpreendentemente meu olhar se encontrou com o dele, e nesse exato momento estou sorrindo, ele parece notar e, retribui com uma bela piscadela. Fico surpresa por um instante, e um pouco envergonhada, mas mesmo assim ele conseguiu me fazer sorrir, ainda que no meio de tantos olhares tristes e difusos, agora meu dia se fez outro. Chego a uma conclusão, podemos viver acuados, cheios de conceitos feitos, vidas já pensadas, futuros promissores, e mais uma besteirada de supostos objetivos. Porém o que importa literalmente é o amor de viver, a vontade de querer ser feliz, não feliz do jeito que se tenta ser, possuindo coisas desenfreadamente, ser feliz por notar que é lindamente feliz. Sair por aí cantando não se importando com comentários alheios, ser o que se é, independente dos olhares vexativos e críticos. Esses críticos são pobres de alma, e ainda não viram a felicidade de perto,e esse homem me pareceu sinceramente feliz, não felicidade disfarçada de ilusões reais, mas pura felicidade. Com apenas um sorriso pode-se sentir alegre, mesmo que tudo que nos rodei não seja como deveria ser. A vida se faz assim, ontem esse ser poderia estar chorando, porém hoje está sorrindo, e isso é o que importa para mim agora. Abrirei a porta para minha felicidade, oferecerei um chá e alguns biscoitos, quem sabe assim ela não me abandona? A campainha está tocando, só pode ser ela, ( não a minha felicidade, ainda) minha amiga Carolina, vamos estudar juntas hoje. Contarei tudo a ela hoje, sobre a felicidade, será que entenderá? Carolina é uma grande amiga, mas nem tudo pode ser entendido, mesmo que essa pessoa seja seu amigo. A nossa cabeça é confusa demais, e muitas vezes faltam palavras para explicar o que se passa. Ela ri do que eu a digo, crê-me uma doidinha por pensar tantas besteiras em apenas uma tarde. Carol balbucia palavras soltas sobre realidade (não quero escutar) e a prova de filosofia daqui a uma semana.  A realidade vence-me, sempre assim, ficamos imaginativos por algum tempo, e logo depois cai um cocô de passarinho na nossa cabeça para acabar com toda a magia, dizendo "a vida é aqui, acorda!'. Não vou enganar ninguém, é assim, mas eu ainda continuo olhando pela janela, sempre com a esperança de observar, como hoje, um desses olhares felizes e cheios de alegria. A minha felicidade toma chá, e come biscoitinhos comigo, a sua deve estar ai perdida, corra atrás dela, ou vigie a sua janela constantemente.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

A minha querida tristeza...


A tristeza me  habita, já não consigo ver minhas angústias, minhas inquietações, não sei mais quem realmente sou. O motivo eu já imagino qual seja, é nítido, mas ela consegue me cegar mesmo assim, ilusória como só ela deve ser. ELA, ELA  adentrou minha mente e alma, alcançou minhas maiores frustrações, ELA sabe de tudo, e ainda sim, me corrói. Maldita ! Condena me à eterna escuridão. Como é possível uma bela desconhecida me fazer tanto mal, tanta dor, tanta dúvida, ser tão intensa e importante na minha medíocre existência? ELA é o meu centro, só me concentro nela, e minha vida gira em torno desse tormento, tudo que digo, faço e penso, é ELA quem dita. Amarra me carinhosamente, educa me como um animal selvagem, ELA      sabe o que quer, e sabe como fazer dar certo. Agonia! ELA me possui, sou sua cativa, devota cativa, leal como um animal bem treinado, viciosa senhora, me liberte, deixe me morrer pelo menos, minha existência ao teu lado é um cárcere medonho,se não podes me deixar, que me deixe morrer. Não há "eu" , eu não sou mais nada, sou dela, faço parte dessa desgraçada senhora, sábia e virtuosa aos olhos de seus humildes súditos. Minha "dominus", seja somente minha senhora, não a quero com mais ninguém além de mim, se não for assim, quererei a eterna escuridão. Excelência, eu a amo como nenhuma outra alma poderia amar tanto, seja minha, de mim tudo terás, minha mente é sua, meu medo, não sei o que é a alegria, meus risos foram banidos de mim,  só posso contar com minhas amargas lágrimas, só posso apoiar minha cabeça em teus doces ombros. Eu a desejo, venha até mim, eu a desejo como nenhum mortal poderia desejar tão doentiamente, meu vício é a vossa excelência. " Como podes querer que eu seja somente tua? Isso é uma afronta, não sejas  tão arrogante a tal ponto de querer me como tua. Tu não és nada, apenas uma alma que piso, e dou belas gargalhadas das tuas desgraças. Filha, não se engane, eu sou sórdida, eu não mereço o amor de ninguém, só consigo destruir tudo que antes era bonito e saudável, eu enlouqueço todos que de mim pedem ajuda. Você já está louca. Quando chegam ao nível de querer me amar, é um sinal nítido de loucura, e como eu não posso ser amada, por segundos todos me amam, mas logo depois já se esqueceram de tudo". Estarei eu realmente louca, a ponto de amar a única senhora que me faz tão triste? Será realmente? Será minha senhora? Eu a perdoou por tudo que já fizeste, por tudo que destruíste, e por tudo que um dia possuiu sanidade, mais sã que eu, só a senhora. "Insistes em tal loucura? Só os loucos desconhecem a própria loucura, você não sabe o que diz. Possuo anos de labuta, nada me atinge, suas súplicas já são por mim conhecidas, é como reviver o passado, você é o que todos algum dia foram." Despreza me  como a uma maçã podre no meio de tantas outras igualmente podres, e mesmo assim não consigo não lhe amar, só eu posso arrancar la de mim, mas não posso. No dia que a deixar, finalmente desvincilhar me da senhora, sentirei me vazia, abundantemente vazia.  " Nada mais posso fazer, minhas palavras são gritadas, porém inaudíveis a você, só posso lhe ordenar uma coisa, mate me, só assim seguirás em frente, ordeno te , mate me, e nunca mais recordarás de mim". Excelência, como podes ordenar me tal desventura? Não a quero esquecida, desejo sua presença pelo resto dos meus dias. Porém, como posso eu, desobedecer a ordens tuas? Que devo fazer agora?Senhora imploro, não me obrigues a fazê lo, não queres mesmo repensar tua decisão? "Não!" Vida miserável, se não a posso ter , ninguém mais a terás, que se faça o que desejas, te matareis e a mim também. " Se assim o queres, bem, faça o , de uma coisa eu sei, apenas morrerás tu, porque de mim nada levarás, apenas o que pensas que possuis em tua loucura." Como podes ser tão cruel? Insisto em dizer , louca não estou, nunca a matarei e, nada me deixa mais triste que a tua indiferença, de tristeza irei viver, de tristeza serei nutrida, tudo nessa vida me faz querer ser triste, não sei ser outra coisa, minha senhora." Sei que não me matarás, por isso eu a matarei aos poucos, um pequeno corte a cada dia, só assim sentirás raiva de mim, e quererás o amor, a alegria e a felicidade ao teu lado, quem lhe faz mal não merece tua companhia. Nesse momento de nada vai adiantar dizer lhe isto, nada compreenderás, porém só o tempo lhe dará a devida lucidez." Que se faça a tua vontade minha senhora, que o tempo me cure dessa tristeza que me condena. " Assim será minha querida, assim será... o tempo é meu aliado, de tudo que fiz aos tristes, ele soube apaziguar, e todo mal que ainda farei, ele saberá dissipar".

sábado, 28 de janeiro de 2012

" Je ne sais pas!"


Ouvindo Juliette Greco, me emociono.Como uma língua e uma melodia conseguem ser tão belas e melancólicas ao mesmo tempo? Ha! França! Palco de grandes acontecimentos, país de tantos pintores, pensadores, escritores, artistas. Antro de cultura charmosa. França irresistível, França vista pelas películas antigas, França, senhora esnobe e elegante. Como gostaria de por um dia, andar pelos seus jardins imponentes, sentir a brisa parisiense sentada em um banco de praça. Ha! Se pudesse vê la com meus olhos deslumbrados e famintos! França desconhecida, mas tão próxima dos meus mais belos pensamentos. Será que em alguma vida fui uma senhorita francesa? De lábios vermelhos, bochechas rosadas pelo sol, de pele branca e macia, com voz suave? "Je ne sais pas!". Ha! Se pudesse ao menos enxergá la e senti la por dois segundos... Doce França, cheia de amantes fiéis, França querida e adorada, criança mimada, minha França eterna.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Simples vida


Sinto a vida percorrer me a face, aproximar se de minha boca, nossa,quantos sabores! Sinto o aroma da maresia, posso provar do gosto salgado das ondas, posso ouvir o barulho do mar de ressaca, posso sentir o vento forte bagunçando meus cabelos, e finalmente, passar meus pés sobre a areia fofa, e senti la por entre todos os meus dedos, cada grão percorrendo minha pele.Com pouco esforço, posso enxergar a praia em sua plenitude de por de sol, o amarelado da paisagem reflete em meus olhos, agora me sinto completamente tomada  pela praia. Porém a areia da praia me embasa a vista, sinto os grãos arranhando minhas pupilas, arde,esse é o preço que se paga pela contemplação. A areia insiste em ser dolorosa, não me deixa ver, eu quero enxergar, eu quero sentir a praia por inteiro, mas a areia se mantém firme em seu papel de tirana. Tento inutilmente esfregar meus olhos, mas ela continua ali, por algum motivo ela me pune por algo ainda não realizado. Eu quero  pertencer à praia, eu quero ser possuída por essa plenitude, por essa paz, eu quero, eu quero, eu quero...! Porque me torturas dessa maneira? Ter todos meus sentidos acesos e vivos e não poder finalmente enxergar o espetáculo do qual eu sou espectadora. Eu não sou digna de observar a beleza que se apresenta diante de mim? Eu quero, eu quero, eu quero ver! Haaaaaaa.... meus olhos estão vivos, finalmente vejo a praia diante de mim, porém já é tarde, o que se pode ver agora são vultos. Desgraçada, miserável, porque fizestes isso a mim, qual foi o motivo de tal castigo? Agora a escuridão me possui, me perco em tamanha imensidão de negritude, o que antes era amarelado e agradável, nesse exato momento é absolutamente cegueira. Mas o que é isso? Ainda posso sentir o vento tocando meu corpo lentamente, ainda posso sentir o cheiro da noite, ainda posso sentir a areia gelada entre meus dedos, ainda posso admirar a praia, mas de uma outra maneira, da maneira mais gostosa possível, através dos meus sentidos, e todos estão comigo, me acompanham sempre a cada lugar que desejo ir. Apesar da cegueira que me toma, ainda posso enxergar a praia. Meu deus! A praia me possuiu como deveria ser... agora  pertenço à ela.

Eu Sophi, como eu me vejo.


Penso em demasia, sendo assim, sou inquieta , intensa, e enormemente introspectiva. Minha falta de paciência equivale ao tamanho do Império Romano em seus dias de glória.
Minha vida por muitos é vista como o paraíso desejado, porém, para mim ela (a minha vida) é algo sem cor, insossa, e totalmente sem qualquer graça.
Creio que para muitos a própria vida seja uma lacuna a ser preenchida, e ainda poderia dizer mais, a nossa vida nunca é como gostaríamos que fosse. A nossa vida sempre gostaria de ser algo como a soma das vidas de outras pessoas, que não a nossa própria vida.
Penso em um caminho intenso, em loucuras ainda não realizadas, lugares desconhecidos (a mim é claro) , pessoas nunca vistas... Tudo ainda é desconhecido, sinto falta daquilo que ainda não conheço. É estranho ler essas palavras, mas sentir falta daquilo que ainda se desconhece, é completamente insano.
Muitas vezes me pego foleando dicionários, criando significados para palavras estranhas e engraçadas, acho que  posso lembrar de uma agora... hum... Sim, lembrei! Essa é ótima, creio ser o meu significado muito mais interessante que o do dicionário.
Por exemplo, "sousar" (meu significado), "verbo transitivo direto; infinitivo do verbo sou; ação de ser independente do outro indivíduo; egocentrismo disfarçado de verbo." No dicionário está escrito: "Espécie de rato". Não posso menosprezar este outro significado, já que o verbo criado por mim é tão asqueroso feito um rato, medonho.
Uma coisa que tem me deixado perturbada, pessoas que me perguntam, quase exclamando, coisas como:
"Nunca leu A barata azul de Alexandre Moreno ?" . Minha resposta é um simples não, e lhe direi , a continuação desse diálogo sempre é seguida de uma cara de espanto, logo após um comentário do gênero: "É um clássico, deve ler". Eu maquinalmente aceno com a cabeça em um "sim", porém, mentalmente estou bolando um plano maligno para acabar com perguntas exclamações como esta, sem qualquer objetivo.
Eu sei, eu também faço isso Fred, mas ao invés de dizer, "É um clássico", eu digo, " Foi  a coisa mais linda que já li".
Possuo uma paixão ardente por Drummond, e um caso conturbado com Beethoven. Creio, ler Drummond, e ouvir Beethoven ao mesmo tempo seja um orgasmo múltiplo de contemplação e beleza.
Uma coisa eu sei,nunca escreverei lindamente como Drummond, e jamais escutarei coisa tão bela quanto Beethoven. São minhas convicções.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012






DESABAFO
“Essa geração não é minha!”
 
Não sou poeta nem artista, não possuo qualquer qualidade invejável, não sei escrever aquilo que de minha mente sai, ou seja, não sei me expressar como eu gostaria. Eu me observo no espelho, nada vejo, aquela garota que um dia ia mudar o mundo, essa não existe, existe um espaço vazio apenas. Porque olhariam para mim com desejo de me conhecer? Quem eu represento para toda essa gente que me cerca, quem eu represento? Quem se apaixonaria por mim, quem choraria por mim, quem diria, “ Eu te amo” sem esperar nada em troca? Quem me olharia e diria “que figura bela, tão apaixonante!”, no máximo diriam, “ delícia”. É a mesma coisa que dizer, “vamos nos apaixonar durante uma noite, e quem sabe eu te ligo depois”.
Quem imaginava que eu diria palavras sobre problematizações existenciais, poesia, beleza, doce ilusão. A vida é assim, possui duas faces, a que idealizamos, e a que acontece. Não mentirei, não serei cínica ou difusa, a face que estou tratando é a que acontece. Gosto da face idealizada, mas para vivermos a idealizada é necessário entender a real. Pois pensem bem, porque temos de agir dessa maneira mesquinha  e idiota? Como seria lindo se alguém me dissesse “você é linda, gostaria enormemente de passar uma tarde agradável ao seu lado, e saborear sua companhia”, poxa não é tão idealizador assim, está bom, é pra cacete. No mínimo se alguém me dissesse isto, riria. Infelizmente o romantismo se perdeu e foi direto pelo ralo.  Mas e se ele estiver falando mesmo a verdade? Ele realmente gosta de mim e me quer por perto, quer meus beijos e abraços, e blá, blá, blá... ok, ok, não se iluda my darling, ele só quer ... Bom, você sabe.
Agora, não espere que homens belos, como os antigos gregos, venham e recitem belos poemas, e digam palavras melosas ao pé do seu ouvido, porque se você fala “porra caralho!” é foda. É mais bonito ser rebelde, é mais bonito não ligar para nada, é mais “legal” ser revolucionário, poxa, está na moda, quem não quer ser isso tudo, e ter várias gatas no capô? Feliz foi o que viveu intensamente, agora me digam, o que é viver intensamente? É agir como um babaca, dizer barbaridades ao seu ouvido, e ainda dar um tapinha na sua bunda? Creio que não.
Realmente devemos viver cada parte da nossa vida de uma maneira diferente e completa, mas nunca como um completo idiota. Porque idiotas conseguem muitas coisas nesse mundo, pode ter certeza disso. Mas babacas não possuem visão para ver que o que possuem é vazio de vida. Eu admiro os babacas que admitem ser babacas, porque em toda a sua vida sempre foi assim, não viu outra coisa além da própria babaquice, somada ao do pai, do avô, e assim por diante, sim, uma árvore genealógica de babaquices.
Eu não culpo qualquer ser humano pelas suas babaquices, só espero fortemente que essas babaquices um dia se reduzam a pó. Eu quero a poesia de volta, eu quero o amor de volta, eu quero o respeito de volta, eu quero a paixão de volta, eu quero o bom sexo de volta (não aqueles que nada te acrescentam), eu quero os bons escritores de volta(não best sellers), eu quero uma amizade duradora de volta, eu quero uma geração inteira de volta.
Sinceramente eu não pertenço a essa geração, eu faço parte dela, mas não pertenço a ela, meu coração, alma e espírito não conseguem lidar com isso, sou fraca. Sou fraca por não tentar mudá-la, sou fraca por algumas vezes tentar fazer parte dela, de uma maneira medonha.  Sou fraca por pensar igual, sou fraca por ser babaca também, sou fraca ...
A ideia de uma vida de amores, sexo, musica boa, e boas companhias, é difícil. Achar alguém pra levar uma vida inteira junto, é difícil. Devemos voltar um pouco no nosso passado e ver que o que temos hoje é um grande vazio, que é preenchido por asneiras e desenganos. Rir do amor é feio, rir da amizade é sufoco, rir da nossa própria idiotice é burrice.
A babaquice está tão enraizada que não se vê o buraco que entramos, somos como Platão diz em sua teoria da caverna, estamos alienados de nós mesmos, estamos cegos com tanta informação, e informação desnecessária. Não espere que as coisas aconteçam, é necessário fazer com que as coisas aconteçam, ou estavas pensando que foste concebido através de pensamentos positivos? Meus amores, sejamos irreverentes, sejamos como nossas idealizações em nossas cabeças, não se diminuam diante das informações que expõem a vós, sejais livre por inteiro, sejais como gostaria que fôsseis.
Belo pensamento minha cara, belíssimo, tudo bem, e agora o que devemos fazer? Bom, eu já sei o que eu quero, eu já sei pra onde quero ir, eu vou seguir sozinha, porque somente sozinha eu posso conseguir ser eu, ser o que minha geração não é.

domingo, 8 de janeiro de 2012

" A morte é esquecer"


  O pior medo  do ser humano depois da morte, é o esquecimento. Vez e outra me esqueço de coisas pequenas, como certos telefones, ou onde guardei certo objeto. Mesmo sendo coisas tão ínfimas, ficamos desconcertados, revoltados, da maneira  com que conseguimos esquecer tão facilmente. Por isso quando se bebe, e várias vezes se esquece de certos momentos da bebedeira, é como se não tivesse acontecido, e mesmo que lhe façam lembrar através de palavras, fica impossível acreditar que realmente aconteceu, já que não está guardado na memória, e isso assusta qualquer um.
   Não lembrar é frustante, a necessidade de lembrar é essencial a qualquer ser pensante que possui alguma memória. É como se lhe furasse os olhos, e por alguns segundos ficasse cego, a dor dos olhos furados remete à impotência de lembrar, porém quando finalmente se lembra, tudo fica claro e nítido outra vez, e assim você já consegue enxergar novamente. Uma constante tortura, enquanto se está no esquecimento há agonia, porém quando recorda, o alivio vem a tona e tudo torna se mais belo. Esse movimento de cair no esquecimento e recordar é algo constante, como se fosse um jogo jogado por nós mesmo dentro da nossa cabeça.
  Porém cair no esquecimento é extremamente confuso, difuso, é treva, os gregos prezavam pela memória, cantavam poesias a todos de cidade em cidade, e assim eram passadas as histórias de grandes feitos, nada escrito, tudo dito e "redito". A capacidade de lembrar é grande, e se formos para e refletir, veremos que todo e qualquer conhecimento é assimilado através da memória, primeiro lê se, depois pensa se sobre, e finalmente  há o entendimento da dita leitura. Tudo isso fica retido na memória, e só através dela é possível repassar o que foi "conhecido".
  A memória é uma grande ferramente, sem ela nada seríamos, absolutamente nada, apenas seres vagantes sem qualquer história de vida. E não ter uma história para contar, não ter o que lembrar, nem que sejam paisagens e figuras quaisquer, fica difícil seguir em frente. Porque a memória representa a nossa identidade, o que somos, e o que carregamos conosco, quais foram nossos erros e acertos, e assim aprendendo a lidar com a inconstância da vida. Relembrar é aconchego,é como voltar apara casa depois de anos e anos vagando, voltar ao "conhecido" , ao lar.
  E mais assustador que a morte, ou tanto quanto é esquecer. Esquecer quem fui, o que vivi, o que fiz, é não ser, é a não existência, é viver como um vegetal, sem vida, apesar de respirar. É como uma droga que te consome por inteiro, esperando  a morte chegar para acabar com o que já estava morto há muito tempo.
  Meu nome é Sophi, tenho 23 anos vividos, gosto de suco de laranja, possuo um amigo inseparável chamado Fred, gosto de ouvir Nina Simone e Juliete Greco, porque parece que volto no tempo. Tudo isso é uma parte de mim, e esquecer isso, é como se não fosse mais eu mesma, mas um fantasma perdido no vazio do esquecimento. Não menosprezes tua memória, exercite-a , faça-a ser forte e reinante, porque o pior de tudo é sentir falta daquilo que já possuíste.
  Creio ser o esquecimento um prelúdio para a morte, a morte é o nada, estando na morte não é necessário a memória, apenas morre se, e ponto. A morte é algo temível, porém sabe se que depois dela nada resta.Porém viver no esquecimento é tortura eterna, é estar vivo e não viver, tendo a consciência de que continuará vivo apesar de tudo, é um sofrer constante. E mesmo querendo relutar contra o fato, há o desejo ardente pela morte, porque viver sofrendo por uma coisa que nem se quer se lembra, é mais temível e tortuoso que a própria ideia de estar morto.

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Doce solidão


   Ultimamente tenho sentido me meio solitária, aquelas horas em que nem você mesmo consegue se fazer companhia, sensação amarga. Fred tem me feito longas visitas, temos conversado sobre tudo, porém a solidão continua ao meu lado, como uma sombra. As vezes acho que Fred se sente solitário ao meu lado, parece ser essa solidão uma virose incontrolável, como um câncer, ela aparece quando menos se espera, e vai tomando conta do seu corpo, mente e alma.
   Tenho pena de Fred, esse meu leal amigo, companheiro eterno, deve estar sentido sua inutilidade diante de mim. Infelizmente nada pode ele fazer, nem ninguém, pois a solidão pertence somente a mim. Muitas vezes podemos estar rodeados de pessoas, até de amigos queridos, mas quando estas pessoas não lhe fazem mais companhia, é um sinal  da iminência de uma grave solidão. Não penses que nunca passastes por isso, mentira tola, todo ser acaba por sentir se assim em algum momento da vida. Tudo bem, tenho apenas vinte e três anos, mas já sinto o peso da idade, como se cada parte do meu corpo ficasse mais pesada, e havendo ainda a necessidade de traçar um objetivo de vida.
   A sociedade nos cobra ação, maturidade, sabedoria, inteligência, tudo,e mais um bocado. Queremos ser bem sucedidos, bem aventurados, bem amados e felizes. Tudo não passa de uma grande ilusão, como posso ser isso tudo se ainda não me considero nada disso? Quero ser amada e feliz, quem não quer? Mas como posso ser se ainda não me encontrei? Não sei o que quero exatamente, e isso me assusta, metade da minha vida se passou, e me encontro sem horizontes.
  Por esse motivo a solidão me corrói, ela é minha única companheira, e na vida só há você em jogo, você e você mesmo. Pário duro lutar com seu próprio eu, luta injusta essa, e todos os dias as cartas são postas na mesa. É como se tivéssemos uma batalha a cada dia, e ninguém pode jogar por você, há de se jogar sozinho, um jogo para mesquinhos.
  Creio essa solidão ser falta de alguém para amar, e alguém que me ame também. Não pai e mãe, pois esses já perdi faz alguns anos, mas alguém para lhe confortar nas noites de frio, lhe falar ao ouvido coisas agradáveis, uma companhia carnal. Quando se ama tudo é maravilhoso, já me senti assim, mas faz tanto tempo, mas como era bom, acho que todos deviam tentar experimentar. O amor é companhia, é aconchego, é cegueira, é carinho, cuidado e entrega, doação. Sua pessoa não tem mais importância diante da outra amada, tudo é feito para o amado, e as coisas realmente acontecem quando se ama.
   Tenho medo de acabar com minha solidão, tenho medo de finalizar minha vida sozinha, sem qualquer amor,  todos temos necessidade de companhia, de ter alguém para contar nos dias de solidão. Aquela pessoa vai lhe acalmar e dizer ,"tudo bem, eu estou aqui", pronto, isso basta. Sonhar é um luxo para poucos.Ninguém vive de sonhos, quem me dera, seria riquíssima e cheia de sonhos.
  Para compensar essa minha eterna solidão, creio que irei a um bar beber até que Fred me ampare. Amigos são para esses momentos, são nosso suporte, agora entendo perfeitamente porque que todos bebem, é uma espécie de relaxamento mental. Adoro um belo martíni ao som de Piaf, nada mais encantador e depressivo. Porém não me reduzirei a isso, espero encontrar uma boa companhia antes de parar nos braços de Fred, meu amigo zeloso. Ainda sou uma bela jovem cheia de vontades e desejos, bom, essa história ficará para a próxima, veremos....

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

"Eu não quero ser juiz de nada!"


"Eu não quero ser juiz de nada!"
  As situações de vida são adversas, e só nos damos conta da enormidade do sistema em que vivemos quando o sistema é abalado. Porque se o nosso sistema ( digo sistema o modo como nos organizamos e vivemos), é rompido, quando ocorre algo que não deveria acontecer, o sistema se apresenta como peça falha. Logo nos vemos em um labirinto sem saída alguma, porém é necessário entrar nesse labirinto, mesmo sabendo que não há saída, é como entrar para o abate. Se ficarmos fora do labirinto, vivemos uma vida miserável de exclusão, pois o sistema não aceita loucos. Então há a necessidade de se  entrar nesse enorme labirinto de curvas tortuosas e desajeitadas,mas sabe se que não há saída, e tampouco meios de se voltar atras, pois uma vez inserido no sistema, difícil é a volta, todavia se muito desejar, as portas para a não existência estão abertas.
  A capacidade do ser humano de autodestruição é absurda, o sistema é falho, e a tendência é a sua autodestruição, nada externo ao sistema consegue a aniquilação , além dele mesmo. Já que todos fazemos parte de um grande sistema, logo também somos autodestrutivos, e sendo assim, ninguém nos abala, nós mesmos nos apunhalamos. Essa é a hora em que os julgamentos se formam, julgamos em defesa da nossa sobrevivência em grupo, pois se faz necessário a escolha de tipo de julgamento. Aquela moça possui muito dinheiro, logo não sabe o que a vida significa. Aquela moça não é possuidora de coisa alguma, logo não teve oportunidades. Pode ser que isso seja uma realidade ou não, pois bem, qual seria o intuito de pré dizer uma pessoa? Nenhum , pois esses julgamentos irão para o lixo, porque a vida dessas moças continuarão, com ou sem o seu julgamento.
   Qual o real motivo do ato de julgar? Não se pode pensar nas consequências sem antes ver o que realmente se passou, qual foram os motivos de qualquer pessoa que seja, para estar inserida em determinada realidade. Assim os julgamentos são desnecessários, porque com eles ou sem eles nada mudará, a realidade continuará sendo a mesma. Por este motivo muitas pessoas deixam de se conhecer por julgamentos, deixam se levar pelos julgamentos, o que é ruim para um , pode ser maravilhoso para o outro, e como saber discernir sobre o julgamento de um terceiro?
   Todas as coisas são medidas, analisadas, e finalmente julgadas. A lei é ilusória, os que possuem poder de decisão estão alienados, o sistema está fadado ao fracasso.
   Então pessoinhas, meus queridinhos, pensem bem antes de abrir a boca, de andar mais do que as suas pernas possam aguentar, porque em um sistema falho como o nosso, falta pouco para virarmos uma civilização canibal.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

"Prazer, me chamo loucura!"


   Quem nunca se viu louco, como se cada pedaço seu não te pertencesse, e cada ação realizada  fosse algo mais forte que você mesmo. Pois a loucura é isso, algo impensável, incorrigível, que faz parte de nós, ela bate a nossa porta todos os dias, e quando menos esperamos ela nos surpreende.
 Senhora loucura, essa é velha e tem suas sabedorias,não adianta enganá-la , viveu muitos anos e presenciou todas as formas de trapaça. Uma anciã repleta de filhos bastardos, pois quem quer ser filho da loucura? Ninguém. Negamos nossa mãe, e preferimos ser tristes órfãos vagando de casa em casa, a procura de uma vida miserável. A loucura não pertence à sociedade,nunca pertencerá enquanto existir a hipocrisia meus caros. Os loucos, que admitem sua loucura, são excluídos dos demais como se fosse uma virose indesejável. A senhora loucura é perigosa, é malandra, e INCONTROLÁVEL.
  O prazer de ser louco, de sentir o gostinho de não se importar com o que os outros falarão sobre o seu modo de andar, sobre o seu cabelo, sua roupa, seus palavrões, seu modo de vida, sua desorganização, sua roupa furada, tudo, tudo é visto como um indício de loucura. 
  Então a senhora loucura , não é tão loucura assim, porque se ser louco é fugir dos padrões estipulados por uma minoria dominadora, então a loucura não existe, é um conceito totalmente desgraçado criado por nós mesmos em nossos julgamentos. Logo, eu me considero louca, e feliz pra cacete, porque eu não nego minha mãe, não sou uma bastarda, sou filha da senhora loucura, com orgulho grito para quem quiser ouvir, "SOU LOUCA".
  Meus queridos não se façam bastardos, admitam, abraçem a loucura, ela existe porque é necessária, ela existe porque ninguém é de ferro, ninguém é totalmente regrado, a loucura é o caos , e sem o caos o equilíbrio não existe. Como o gordo e o magro, o barulho e o silêncio, o claro e o escuro, são opostos dependentes. Por isso não menospreze a loucura, ela faz parte de você, de mim, de todos. Ela também merece um pouquinho de consideração, não vamos julgar  a loucura, é merecedora de respeito, pois os loucos vêem a frente, porque os loucos rompem com o comum, e só assim a humanidade conseguiu enxergar o incomum.
  Me diz uma coisa, grandes escritores, loucos; grandes pintores, loucos; grandes cantores, loucos.... porém todos eram brilhantes e enxergavam mais do que a sua geração via. Muitos eram pobres, e viveram a maior parte da vida na pobreza, pois os de seu tempo não enxergavam a grandiosidade de seus intentos. E só depois de anos, décadas, eles são reconhecidos, e valem fortuna , e quem os compra são os mesmos babacas que  não enxergavam a grandiosidade de suas almas. 
  Desculpe minha ira diante da injustiça que fazem todos os dias a minha mãe loucura, mas é minha mãe , e mãe não se nega. Peço a todos que sejam loucos, porque a loucura é uma coisa boa, porque ela rompe, ela estraçalha, ela morde, ela ama, ela goza, ela diz o que veio a dizer, ela não é hipócrita, ela grita, ela ri, ela faz sexo, ela faz amor, ela é vital a todos.
  Desculpe... não tenho mais nada a dizer, cheguei aonde queria, tudo que disse até agora pode ser resumido numa pequena frase... "A loucura é vital a todos."
  A loucura é uma senhora encantadora... 








segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Pensamentos...


 

 "É como se fosse um martírio; a nossa vida, a nossa família, os nossos pensamentos e sonhos. Por isso creio ser o pensamento algo perigoso, um buraco negro da existência humana. Pode ser que sejamos sortudos por pensar tanto, pois querendo ou não, isso sempre nos ajudou a seguir em frente, mas será mesmo?
  A vida é tão maravilhosa por si só, que acho necessário serem banidos os pensamentos nas horas de contemplação. Nas horas em que nos encontramos conectados com nós mesmo, como se fossemos uma coisa só, uma só energia, como se cada brisa que passasse por entre nossos cabelos fosse só o que sentíssemos. Aquela gota de água que cai a cada intervalo de tempo, como se o tempo cronológico não existisse, e só existisse a gota caindo paulatinamente, e o tilintar da gota fosse música sedutora aos nossos ouvidos.
  Nesses momentos os pensamentos são dispensáveis, totalmente useless, pois o momento vivido é impensável, intraduzível em palavras. Nossa devo estar lhe cansando a alma com tantas divagações, desculpe meu caro amigo."
   Foi assim meu momento encantador com Fred, um grande amigo meu, que como todo amigo, sempre está disposto a escutar qualquer coisa, ainda mais quando estamos em momentos críticos de nossas vidas, essa tarde de domingo foi um desses momentos críticos.
   Como é bom poder ter amigo, mesmo que seja apenas um, para compartilhar todas as coisas que lhe inquietam a cabeça. E ter alguém para fazer parte da sua vida por escolha, por querer estar perto de você. Pois pais e irmãos não escolhem ser seus parentes, eles são apenas, mas um amigo não é parente e, não é obrigado a ser amigo, ele é acima de qualquer coisa, ele é o seu amigo, e escolheu ser por vontade própria. Sim, não tem coisa mais bonita que a amizade, mas aquela sincera, existindo doação dos dois lados da moeda, um querendo sempre ver o outro sorrindo.
   Voltando a Fred, este eu conheci inesperadamente, foi um dia qualquer, uma noite em um bar... Ele me olhou, e ao captar seu olhar correspondi, e a partir dessa troca de olhar nunca mais nos deixamos de ver. Engraçado, eu sentada bebendo sozinha (costumo fazer isso sempre que quero), pois é impossível ficar sozinha em um bar, qualquer que seja. Pois bem, senti nele um olhar inocente, como se já o conhecesse há anos, vai entender, e foi assim, a vida realmente é inusitada.