sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Simples vida


Sinto a vida percorrer me a face, aproximar se de minha boca, nossa,quantos sabores! Sinto o aroma da maresia, posso provar do gosto salgado das ondas, posso ouvir o barulho do mar de ressaca, posso sentir o vento forte bagunçando meus cabelos, e finalmente, passar meus pés sobre a areia fofa, e senti la por entre todos os meus dedos, cada grão percorrendo minha pele.Com pouco esforço, posso enxergar a praia em sua plenitude de por de sol, o amarelado da paisagem reflete em meus olhos, agora me sinto completamente tomada  pela praia. Porém a areia da praia me embasa a vista, sinto os grãos arranhando minhas pupilas, arde,esse é o preço que se paga pela contemplação. A areia insiste em ser dolorosa, não me deixa ver, eu quero enxergar, eu quero sentir a praia por inteiro, mas a areia se mantém firme em seu papel de tirana. Tento inutilmente esfregar meus olhos, mas ela continua ali, por algum motivo ela me pune por algo ainda não realizado. Eu quero  pertencer à praia, eu quero ser possuída por essa plenitude, por essa paz, eu quero, eu quero, eu quero...! Porque me torturas dessa maneira? Ter todos meus sentidos acesos e vivos e não poder finalmente enxergar o espetáculo do qual eu sou espectadora. Eu não sou digna de observar a beleza que se apresenta diante de mim? Eu quero, eu quero, eu quero ver! Haaaaaaa.... meus olhos estão vivos, finalmente vejo a praia diante de mim, porém já é tarde, o que se pode ver agora são vultos. Desgraçada, miserável, porque fizestes isso a mim, qual foi o motivo de tal castigo? Agora a escuridão me possui, me perco em tamanha imensidão de negritude, o que antes era amarelado e agradável, nesse exato momento é absolutamente cegueira. Mas o que é isso? Ainda posso sentir o vento tocando meu corpo lentamente, ainda posso sentir o cheiro da noite, ainda posso sentir a areia gelada entre meus dedos, ainda posso admirar a praia, mas de uma outra maneira, da maneira mais gostosa possível, através dos meus sentidos, e todos estão comigo, me acompanham sempre a cada lugar que desejo ir. Apesar da cegueira que me toma, ainda posso enxergar a praia. Meu deus! A praia me possuiu como deveria ser... agora  pertenço à ela.

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